Cidade do Vaticano (RV) –
Na conclusão da Santa Missa celebrada nesta manhã de domingo na Praça
São Pedro, diante de milhares de fiéis membros de irmandades
provenientes de todas as partes do mundo, Papa Francisco rezou a oração
mariana do Regina Caeli.
Na sua alocução destacou que naquele
momento de profunda comunhão em Cristo, se podia sentir viva no meio de
todos eles a presença espiritual de Nossa Senhora. Uma presença materna,
familiar, especialmente para quem faz parte das Irmandades.
“O
amor por Nossa Senhora é uma das características da piedade popular,
que pede para ser valorizada e bem orientada. Por isso, convido a
meditar o último capítulo da Constituição do Concílio Vaticano II sobre a
Igreja, a Lumen gentium, que fala precisamente de Maria no mistério de
Cristo e da Igreja. Ali se diz que Maria ‘avançou na peregrinação da
fé’. Caros amigos, no Ano da Fé, deixo a vocês este Ícone de Maria
peregrina, que segue o Filho Jesus e precede todos nós no caminho da
fé”.
Hoje as Igrejas do Oriente que seguem o Calendário
Juliano celebram a Festa da Páscoa e Papa Francisco enviou a esses
irmãos a sua saudação:
“Desejo enviar a esses irmãos e irmãs
uma saudação especial, unindo-me de todo coração a eles ao proclamar o
alegre anúncio: Cristo ressuscitou! Recolhidos em oração ao redor de
Maria, invoquemos de Deus o dom do Espírito Santo, o Paráclito, para que
console e conforte todos os cristãos, especialmente aqueles que
celebram a Páscoa entre provas e sofrimentos, e os guie no caminho da
reconciliação e da paz”.
Em seguida Papa Francisco recordou a beatificação de Nhá Chica:
“Ontem
no Brasil, foi proclamada Beata Francisca de Paula De Jesus, conhecida
como «Nhá Chica». A sua vida simples foi toda dedicada a Deus e à
caridade, tanto que era chamada a “mãe dos pobres”. Úno-me à alegria da
Igreja no Brasil por esta luminosa discípula do Senhor”.
Papa
Francisco saudou ainda todas as irmandades presentes na Praça São Pedro
nesta manhã, provenientes de todos os países, e uma saudação especial
fez à Associação “Meter”, no Dia das Crianças vítimas da violência.
“Este
Dia me oferece a ocasião para dirigir o meu pensamento a todos aqueles
que sofreram e sofrem por causa dos abusos. Gostaria de assegurar a eles
que estão presentes na minha oração, mas gostaria de dizer ainda com
força que todos devemos nos empenhar com clareza e coragem para que cada
pessoa, especialmente as crianças, que se encontram entre as categorias
mais vulneráveis, seja sempre defendida e tutelada. Uma saudação de
encorajamento aos enfermos de hipertensão pulmonar e a seus familiares”.
(SP)
SÃO JOÃO PAULO II
Papa João Paulo II um servo de Deus.
HORA CERTA
domingo, 5 de maio de 2013
Eucaristia, nosso remédio diário
Vivi uma experiência
inesquecível há algum tempo. Num encontro onde estive pregando, durante a
missa, enquanto distribuía a comunhão, percebi uma alergia muito
intensa na mão de uma pessoa que ia receber a Eucaristia. No momento em
que coloquei a Hóstia em sua mão, a alergia desapareceu.
Durante todo o restante do Rito da Comunhão fiquei me perguntando: "Senhor, o que vi foi mesmo real ou foi impressão minha? O Senhor curou?"
Após a comunhão, durante uma oração de cura, comecei a orar pelo povo e tive a coragem de anunciar aquela cura. Falei em voz alta: "Onde você estiver, se manifeste e mostre para as pessoas a sua mão". A resposta foi imediata: com lágrimas nos olhos, a pessoa mostrou a todos sua mão curada!
A Eucaristia é como um remédio que temos de tomar constantemente até ficarmos curados.
Deus abençoe você,
Durante todo o restante do Rito da Comunhão fiquei me perguntando: "Senhor, o que vi foi mesmo real ou foi impressão minha? O Senhor curou?"
Após a comunhão, durante uma oração de cura, comecei a orar pelo povo e tive a coragem de anunciar aquela cura. Falei em voz alta: "Onde você estiver, se manifeste e mostre para as pessoas a sua mão". A resposta foi imediata: com lágrimas nos olhos, a pessoa mostrou a todos sua mão curada!
A Eucaristia é como um remédio que temos de tomar constantemente até ficarmos curados.
Deus abençoe você,
Nova Presença de Deus
Durante o Tempo Pascal, a mensagem deixada por Jesus aos seus discípulos vem sendo celebrada. O amor de Cristo que reúne e une a comunidade de fé é a vida nova. Ela se sustenta na escuta e acolhida da Palavra de Jesus que é palavra do Pai para nós.
A Igreja nasce do lado de Cristo, como um Sacramento Pascal. Nela, é
possível visualizar o amor profundo daquele que dá a vida pelos seus
amigos. A importância deste amor e, para, sobretudo, que estejamos
abertos à sua experiência num mundo cada vez mais marcado pela
intolerância e pelo medo.
O Evangelho deste domingo faz parte do discurso de despedida de Jesus,
afirmando que a Palavra do Cristo é a Palavra do Pai. Com sua morte,
Jesus dá glória ao Pai, que ao ressuscitá-lo é glorificado no Filho. E a
presença do Espírito Santo após a partida de Cristo, intercederá e
advogará por nós.
Marcados e conduzidos por Seu Espírito Santo, brota o testemunho
eclesial no mundo. Aqui parece com pertinência a exortação para que não
nos deixemos perturbar e nem intimidar, porque a paz de Cristo é a
certeza da nossa vitória.
Quem ama o Cristo, guarda a sua Palavra e nele estabelece morada, ou
seja, permite que ela se realize no mundo. Amando o Filho, amamos o Pai e
vive-versa. Amar Jesus é assumir com ele e nele a boa nova que o Pai
nos confia, anunciando e testemunhando o Evangelho, a fim de transformar
a sociedade.
Guardar a Palavra é estabelecer morada no Pai e no Filho, tornando-nos
também, pelo Espírito Santo, sua morada. Hoje somos a tenda da reunião
do Pai, do Filho e do Espírito.
Nesta perspectiva, a herança mais preciosa que as comunidades cristãs
conservam é a própria morte e ressurreição de Jesus, sua Páscoa, pois
ela não é outra realidade senão o cumprimento mais significativo do Amor
do Pai.
A ação do Espírito Santo na Igreja permite-lhe manter viva esta memória,
de modo que a herança deixada pelo Senhor não se perca. Em épocas de
calamidade ou grandes dificuldades, não é novidade que os cristãos se
mobilizem para ajudar aqueles que padecem dificuldades.
Em nossas comunidades, as pastorais, os movimentos e as demais forças
eclesiais são impulsionados pelo Espírito para que mantenham viva a
memória do Ressuscitado. Ao tornar-nos homens e mulheres pascais,
permitimos que a herança deixada pelo Senhor não se perca.
A memória do Ressuscitado, portanto, se dará na mediação de seu Espírito
agindo em meio à comunidade dos discípulos e discípulas. A promessa do
Espírito que a liturgia explicita, neste domingo, tem a ver
necessariamente com a continuidade da presença de Jesus na vida
cotidiana dos seus amigos e amigas.
Em cada celebração do Tempo Pascal, afirmamos cantando que somos novas
criaturas, porque tentamos ser e agir conforme o Filho. Vejamos bem:
fomos banhados em Cristo. A água que nos lavou é Cristo. Que é símbolo
d’Ele, morto e ressuscitado. Somos herdeiros daquilo que o Pai deixa
para o seu Filho, seu Amor terno e compassivo.
Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese Belo Horizonte
NOSSA META : SER A SEGUNDA VERTENTE DA IGREJA CATÓLICA DAQUI A DEZ ANOS. - 04/05/2013
Amigos da ICC
Só depende de nós. A ICC tem uma missão divina a realizar. Ser modelo para as demais igrejas das cinco vertentes católicas - romana com um bilhão e duzentos milhões de fiéis, Ortodoxa com oitocentos milhões de fiéis, Anglicana com quinhentos milhões de fiéis , veterocatólica com duzentos milhões de fieis e as nacionais ou carismáticas com duzentos milhões de fiéis. Aida persiste nas igrejas católicas de todas as vertentes , menos nas carismáticas, amarras do passado, que impedem as igrejas de crescerem, pois muitas destas amarras, criadas na Idade Média, não tem mais razão de existir. O povo fiel não as aceitam mais. E dai saem da Igreja Católica e vão se congregar em igrejas protestantes que não tem amarra alguma.
A ICC luta tenazmente pela revogação da Lei do Celibato obrigatório para padres e bispos e freiras; Fim da Confissão auricular, que seria substituida pela confissão direta a Deus, Fim da formação de padres e freiras em estabelecimentos de regime interno. Todos passariam a ser formados em universidades. Fim da dedicação exclusiva do padre e da freira no serviço do altar. O padre e a freira devem ter uma profissão laica para dela retirarem o sustento próprio e da familia para não sererem pesados para a comunidade, Fim do serviço de coroinhas, para evitar a pedofilia; Fim da catequese de crianças desacompanhadas dos pais, para evitar a pedofilia. Quando chegar ao conhecimento da autoridade eclesiástica de que algum clérigo cometeu algum crime, deve a autoridade eclesiástica colaborar com a Justiça Penal apresentando o indiciado a Polícia e nunca transferi-lo de paróquia ou de país.
Ir alberto
Fonte: Ir alberto
Colaborador: Ir. Alberto Silva
http://www.igrejacatolicacarismatica.org
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Amigos da ICC
Só depende de nós. A ICC tem uma missão divina a realizar. Ser modelo para as demais igrejas das cinco vertentes católicas - romana com um bilhão e duzentos milhões de fiéis, Ortodoxa com oitocentos milhões de fiéis, Anglicana com quinhentos milhões de fiéis , veterocatólica com duzentos milhões de fieis e as nacionais ou carismáticas com duzentos milhões de fiéis. Aida persiste nas igrejas católicas de todas as vertentes , menos nas carismáticas, amarras do passado, que impedem as igrejas de crescerem, pois muitas destas amarras, criadas na Idade Média, não tem mais razão de existir. O povo fiel não as aceitam mais. E dai saem da Igreja Católica e vão se congregar em igrejas protestantes que não tem amarra alguma.
A ICC luta tenazmente pela revogação da Lei do Celibato obrigatório para padres e bispos e freiras; Fim da Confissão auricular, que seria substituida pela confissão direta a Deus, Fim da formação de padres e freiras em estabelecimentos de regime interno. Todos passariam a ser formados em universidades. Fim da dedicação exclusiva do padre e da freira no serviço do altar. O padre e a freira devem ter uma profissão laica para dela retirarem o sustento próprio e da familia para não sererem pesados para a comunidade, Fim do serviço de coroinhas, para evitar a pedofilia; Fim da catequese de crianças desacompanhadas dos pais, para evitar a pedofilia. Quando chegar ao conhecimento da autoridade eclesiástica de que algum clérigo cometeu algum crime, deve a autoridade eclesiástica colaborar com a Justiça Penal apresentando o indiciado a Polícia e nunca transferi-lo de paróquia ou de país.
Ir alberto
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quinta-feira, 2 de maio de 2013
Imaculado coração de Maria (Consagração)
Ó Coração Imaculado de Maria,Repleto de bondade, mostrai-nos o Vosso amor.
A chama do vosso Coração, ó Maria, desça sobre todos os homens!
Nós Vos amamos infinitamente!
Imprimi nos nossos corações o verdadeiro amor,
para que sintamos o desejo de Vos buscar incessantemente.
Ó Maria, Vós que tendes um Coração suave e humilde
lembrai-vos de nós quando caírmos no pecado.
Vós sabeis que todos os homens pecam.
Concedei que, por meio de Vosso Imaculado e Materno Coração,
sejamos curados de toda doença espiritual.
Fazei que possamos sempre contemplar a bondade de Vosso Materno Coração
e nos convertamos por meio da chama do Vosso Coração.
Amém.
Amor é inefável
27/04/2013
É difícil definir o amor, pois,
quando o definimos ele deixa de ser amor. Segundo Marie-Dominique
Philippe “O amor ultrapassa tudo o que se pode dizer dele, porque o que
se diz dele não é mais amor”. Amor é inefável.
Só o conhecemos plenamente vivendo dele. Ninguém é capaz de dizer o que
sente quando ama. Sentimos impotentes diante de tal sentimento. Não
conseguimos dizer, apenas vivemos. E só pode dizer que sabe o que é o
amor àquele que ama e deixa ser amado.
Nem a palavra amar, nem o mandamento de amor são novos, o Primeiro
Testamento já faz referência a ele, (cfr. Lv 19,18). O novo está em amar
como Jesus, a novidade está no amor de Jesus conhecido, experienciado
pelos seus discípulos/as. Esse mesmo amor é o que os capacita,
capacita-nos para amar do jeito dele.
Vivemos num mundo em que o tecido social sangra por diferentes tipos de
violência, social, econômica, armada, étnica e até religiosa!
Assistimos horrorizados os diferentes massacres que acontecem em
diferentes partes do nosso mundo;
É um desafio grande, mas não impossível. E muitos são os que, ao longo
dos séculos testemunharam que é possível. Por isso vivamos com ousadia
este mandamento: Assim como eu amei vocês, vocês devem se amar uns aos
outros, para continuar a revolução do Amor de Jesus de Nazaré.
Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese Belo Horizonte
HISTÓRIA DA VIDA E MARTÍRIO DO GLORIOSO SÃO JORGE
Segundo a interpretação extraída do IV volume do "Flos Sanctorum"
Diocleciano, imperador de Roma, vendo que tudo lhe sucedia bem,
determinou, segundo seu parecer e engano diabólicos, sacrificar aos
deuses, principalmente a Apolo, sabedor das coisas que haviam de
suceder. E consultando urna vez a estátua sobre certa coisa que desejava
saber, dizem que lhe respondeu o ídolo, que os justos que estavam na
terra, lhe eram impedimentos para dizer a verdade, e por causa deles
sucedia muitas vezes ser falso o que ele dizia que havia de ser.
Enganado o mísero Diocleciano com o seu erro, desejava saber que homens
eram aqueles que se chamavam justos na terra. Respondeu-lhes um
sacerdote dos ídolos: "Esses, imperador, são os cristãos".
Não demorou muito o tirano de saber isto, e moveu guerra e perseguição
contra os cristãos, já quietos das perseguições passadas. Logo sem mais
tardar começou a perseguir os inocentes e justos. Era muito para chorar,
ver os cárceres, feito para matadores, adúlteros e ladrões, cheios de
Santos, que confessavam a Cristo por Deus e Salvador; e ver que não se
contentava o tirano de atormentar os Santos com os tormentos antigos e
costumados, mas, cada dia, inventou novos e mais cruéis tormentos com os
quais grande multidão de cristãos eram torturados. Indo cada dia, de
todas as partes, muitas acusações contra os cristãos ao imperador, e
principalmente, referindo-lhe os procuradores do Oriente que os cristãos
eram tantos que desprezavam seus mandados, e que ou haviam de permitir
que vivessem em sua lei, ou que estando eles com grande exército, e
assim os matassem todos, porque outra maneira não seria fácil.
Ouvindo o perverso Diocleciano estas coisas, mandou chamar todos os
governadores e procuradores do Oriente e outras partes. Estando junto
com os senadores, manifestou a crueldade que tinha contra os cristãos, e
mandou que cada um dissesse seu parecer. Sendo alguns de contrairia
opinião, por último o tirano afirmou que nenhuma coisa havia mais
excelente que a veneração dos ídolos; e assim lhes disse: "Todos que
estimais minha amizade, ponde todas as forças para lançar fora de todo o
meu império a religião dos cristãos, e eu vos favorecerei com todo o
meu poder".
Louvaram todo este parecer do imperador, e determinaram que se referissem ao povo três vezes em três dias.
Estava então no exército o maravilhoso cavaleiro de Cristo, Jorge, o
qual era natural de Capadócia, Ásia Menor (atual região da Turquia), de
uma família nobre e tradicional na cidade. De pai e mãe cristãos, que
muito zelaram pela sua instrução e educação, fora criado desde menino na
sagrada religião cristã. Sendo Jorge ainda moço, morreu o pai, oficial
do exército imperial, em uma batalha. Por ser ele bom cavaleiro, foi da
Capadócia para a Palestina com sua mãe que era natural daquela região,
onde tinha fazenda. E como tivesse idade para a guerra, foi instituído
por capitão, e em pouco tempo sua personalidade, sua coragem e seu porte
foram notados pelo Imperador Diocleciano, que o nomeou Conde. Ignorando
ser aquele bravo um cristão, o Imperador romano elevou-o ainda a
Tribuno Militar e ao Conselho Militar. Neste tempo faleceu sua mãe, e
ele tomando grande parte nas riquezas que lhe ficaram, foi-se para a
côrte do Imperador, sendo de idade de 23 anos. Vendo, Jorge, que urdia
tanta crueldade contra os cristãos, parecendo-lhe ser aquele tempo
conveniente para alcançar a verdadeira salvação, distribuiu com
diligência toda a riqueza que tinha aos pobres. Depois disto, no dia em
que o conselho do senado havia de ser confirmado contra os cristãos,
Jorge, sem temor humano, armado só de temor de Deus, com alegre rosto se
pôs em pé no meio de toda a Assembléia e falou desta maneira:
"Oh! Imperador e nobres senadores, acostumados a fazer boas leis, que
desatino é este tão grande, que não cessais de acrescentar vossa ira
contra os cristãos, que tem a certa e verdadeira lei, para que a deixem e
sigam a seita que vós mesmos não sabeis se é verdadeira, porque os
ídolos que adorais, afirmo que não são deuses, havendo sido homens
perdidos.
Não vos enganeis: sabeis que Cristo só é Deus e Senhor na glória de
Deus Padre, e por ele foram feitas todas as coisas, e pelo seu Espírito
Santo todas as coisas são regidas e conservadas. Pois esta é a verdade
ele não queirais perturbar os que a professam."
Ouvindo
isto todos ficaram atônitos e espantados do valor e atrevimento com que
falou, e esperavam que o Imperador respondesse; mas ele ficando
perturbado e refreando a ira, fez sinal ao cônsul Magnêncio, que
respondesse a Jorge. O cônsul mandou chegar, Jorge, mas perto de si e
disse: "Dize-me, jovem, quem te deu tamanha ousadia para falar nesta
Assembléia? Respondeu Jorge: "A verdade". Disse o cônsul: "Que coisa e a
verdade?" Respondeu-lhe: "A verdade é meu Senhor Jesus Cristo, a quem
vós perseguis". Disse o cônsul "Dessa maneira és tu cristão?"
Respondeu-lhe: "Eu sou servo de "meu Redentor Jesus Cristo, "e Nele
confiado me pus no meio de vós "outros, para que dê testemunho da
Verdade. "Com estas palavras se turbaram todos. Então, Diocleciano pondo
os olhos em Jorge, o conheceu e lhe disse: "Sabendo eu há dias de tua
nobreza, te levantei ao mais alto grau da dignidade de minha corte, e
agora ainda que falaste tão alto, como sou muito afeiçoado à tua
prudência e fortaleza, te aconselho, como pai amoroso, que não deixes o
proveito e honra da tropa, nem queiras perder a flor da tua idade com
torturas antes, sacrifica aos deuses e receberá de mim maiores prêmios e
recompensas. "Jorge lhe respondeu: "Oxalá, oh imperador, que conhecendo
tu por mim. O verdadeiro Deus, lhe oferecesse o sacrifício de louvor,
que ele pede e deseja; e eu ficarei por fiador de que ele Senhor de
outro mais excelente império do que tens, que é o reino que dura para
sempre; porque este que agora possues, cedo se há de acabar. E sabe de
certo que nenhum desses bens que me prometes, poderão de alguma maneira
afastar-me de meu Deus, nem algum gênero de tormento que inventares
poderá tirar de mim o amor de meu Redentor nem causar em mim temor algum
da morte temporal". Ouvindo isto o imperador, cheio de ira mandou aos
soldados que o deitassem fora da Assembléia com lançadas, e o metessem
no cárcere. Fizeram logo os soldados o que lhes fora mandado, mas, a
ponta da lança com que lhe tocou no corpo um soldado, dobrou como se
fora de chumbo, e Jorge não cessava de dizer divinos louvores. Sendo ele
posto no cárcere, estenderam-no em terra e puseram-lhe grilhões nos pés
e sobre o seu peito uma grande pedra. Tudo isso lhes mandou o tirano
fazer; mas sofrendo o tormento com muita paciência, não cessou até o dia
seguinte de dar graças a Deus.
Sendo manhã, o imperador mandou-o vir perante si, e estando Jorge muito
atormentado com o peso da pedra, disse-lhe o imperador: ."Tornaste já
sobre ti, Jorge?". Respondeu o jovem: "Por tão fraca me tens imperador,
que cuidas que um tormento de meninos e tão pequeno, havia de me afastar
de Cristo e negar a verdade, primeiro cansarás tu em me atormentar, do
que eu sendo atormentado". Disse Diocleciano: "Eu te darei tantos
tormentos que te acabarão a vida". Mandou logo trazer uma roda grande e
cheia de navalhas e meter o jovem nela para ser despedaçado. Estava esta
roda pendurada, e por baixo tinha umas tábuas nas quais estavam
pregadas muitas pontas agudas como canivetes de sapateiro. Puseram-no
entre as tábuas e a roda, atado com loros e cordas, tão apertado que
dentro da carne se escondiam as cordas; e voltando a roda, todo o corpo
lhe ficava cruelmente ferido. Este espantoso gênero de tormento
sofreu Jorge com grande ânimo; e fazia oração ao Senhor, e depois ficou
como adormecido por um bom espaço de tempo.
Vendo isto, Diocleciano, e cuidando que já estava morto, ficou alegre e
começou a louvar os seus deuses, e dizia: "Onde está o teu Deus, Jorge?
Por que não te livrou deste tormento?"
Mandou então tirá-lo do tormento. e partiu para ir sacrificar a Apolo;
mas logo apareceu uma nuvem no ar, e viu um grande trovão, e soou uma
voz que muitos ouviram, a qual disse: "Não temas, Jorge, porque estou
contigo". Daí a pouco viu-se grande serenidade, e foi visto um homem
vestido de branco estar em cima da roda, muito resplandecente no rosto, e
deu a mão ao Santo Mártir, e abraçando-o mandou desatá-lo; e logo
desapareceu aquele varão de tanta claridade e ficou Jorge solto, livre e
são, dando graças a Deus.
Os soldados que o guardavam ficaram fora de si, espantados de tal
visão, e deram logo novas do que se passava ao imperador que se achava
no templo. Vendo o imperador a Jorge, dizia que não podia ser aquele o
mesmo Jorge, mas outro que se parecesse com ele.
Dois corregedores, um chamado Anatólio, outro Petroleu, sendo antes
criados na fé de Cristo, vendo o milagre cobraram ousadia, e em alta voz
disseram: "Um só é Deus, grande e verdadeiro, que é o Deus dos
cristãos", aos quais mandou logo o imperador levar para fora da cidade e
cortar-lhe as cabeças, Muitos se converteram, então, ao Senhor tendo fé
dentro de si, mas não ousavam descobrir-se com temor da morte e
tormentas. Também a imperatriz Alexandra, conhecendo a verdade e
começando a querer falar livremente, um cônsul a retirou, e antes que o
imperador entendesse a causa, a deixou no seu palácio. Não sofrendo
Diocleciano com estas coisas mandou meter Jorge em uma fornalha de cal
virgem, três dias, e mandou vigiar, que lhe não viesse de nenhuma parte
ajuda alguma. Sendo levado a esse tormento preso, ia fazendo oração a
Deus em alta voz, dizendo: "Senhor meu, ponde os olhos de vossa
misericórdia em mim, e livrai-me das ciladas do inimigo, e concedei-me
que até o fim confesse o vosso santo nome".
"Não digam os meus inimigos por minhas maldades: Onde está o teu Deus?
Mandai, Senhor, o vosso Anjo em minha guarda, assim como transformaste a
fornalha de Babilônia em orvalho, e os moços que estavam dentro,
conservaste sem lhes fazer mal o fogo".
Dito isto, e fazendo o Sinal da Cruz em todo o corpo, com grande
alegria entrou no forno de cal. Os ministros e soldados que foram
mandados pra executores destes tormentos, depois de o deixarem no forno
se retiraram. Ao terceiro dia, chamou o imperador alguns soldados e
disse: "Não fique na memória aquele mal-aventurado Jorge, para que não
haja quem honre as suas relíquias; portanto ide, e se achardes algum
osso subterrai-o, que não apareça mais. "Foram os soldados, seguindo-se
grande multidão de povo para ver o que se passava. Descobrindo o cal
acharam dentro Jorge com o rosto resplandecente; o qual, levantadas as
mãos para o céu, dava louvores a Deus por todos os seus beneficies; e
saindo do forno sem algum mal que lhe fizesse a cal, todos se espantaram
de tão maravilhosa causa, e Louvaram o Deus de Jorge.
Chegou a nova deste milagre a Diocleciano, este mandou chamar a Jorge e
muito espantado lhe disse: "Jorge, com que artes fazes estas
maravilhas?" Respondeu-lhe: "Oh! cego imperador, que chamas artes as
maravilhas de Senhor, por isso choro tua cegueira".
Disse Diocleciano: "Agora veremos Jorge, se diante dos nossos olhos
fazes milagres. Mandou entalo o tirano trazer umas chinelas de ferro
ardente, e mandou-lh'as meter nos pés, e desta maneira, o fez levar ao
cárcere. e indo açoitando e zombando dele, diziam: "Oh! Como Jorge
corre, ligeiramente", mas o mártir sendo tão cruelmente levado e
açoitado, ia muito alegre dizendo a si mesmo: "Corre Jorge, para que
alcances o prêmio". Depois orando, dizia: "Senhor, olhai o meu trabalho e
ouvi os gemidos de vosso preso, porque os meus inimigos se
multiplicaram e me tiveram grande ódio pelo vosso nome; mas vós Senhor,
me sarai, porque todos os meus ossos estão atormentados, e dai-me
paciência até o fim, para que não diga o meu inimigo: "Prevaleci contra
ele". "Desta maneira passou Jorge até chegar ao cárcere, indo muito
atormentado das chagas que lhe fizeram nos pés os pregos ardentes que as
chinelas de ferro tinham para cima. Passando o Santo todo aquele dia e
noite em dar graças a Deus, no dia seguinte foi levado diante do
imperador, o qual estava sentado junto ao teatro público, estando
presente todo o senado.
Vendo o imperador Jorge andar tão bem e sem sacrifícios como se não
recebera algum mal, disse-lhe. "Jorge, as chinelas foram para ti
refrigério?". Respondeu "Jorge: "Sim, foram". Disse o imperador: "Deixa
já a tua ousadia e arte mágica, vem para nós e oferece sacrifício aos
deuses, pois de outra maneira serás atormentado com diversos tormentos".
Respondeu Jorge: "Quão ignorante te mostras, pois chamas feitiços ao
poder do meu Deus e por outra parte dás honras, aos enganos dos diabos
que adoras".
O tirano mandou aos que estavam presentes que o ferissem no rosto ,
dizendo: "Assim te ensinaram a dizer injúrias aos imperadores? E depois
disto mandou que o açoitassem com nervos de búfalo, até que fosse
desfeito seu corpo. Sendo Jorge tão sem piedade atormentado, e não
mudando a alegria do rosto, disse o tirano "Certamente não chamarei a
isto obras de virtude, mas arte mágica". Disse então Magnencio ao
imperador: "Senhor, mandai chamar um homem que aqui mora, grande mágico e
com ele será vencido Jorge". Foi, logo, chamado o feiticeiro e lhe
disse Diocleciano: "Todos os que estamos presentes sabemos o que este
maldito Jorge faz; mas porque arte o faz, tu no-lo declararás. E rogo-te
que destruas seus feitiços e o faças obedecer-nos." Prometeu então
Athanasio, (o mágico) que no dia seguinte faria tudo que lhe ordenava; e
mandou o imperador guardar Jorge no cárcere, no qual ele invocava o
nome do Senhor, dizendo: "Seja Senhor, a vossa misericórdia sobre mim, e
encaminhai meus passos na confissão de vosso Santo nome, e acabai minha
vida na vossa fé, para que em tudo seja o vosso louvado".
No dia seguinte, estando Diocleciano no teatro, mandou vir o mágico, o
qual veio muito vaidoso e mostrando ao imperador umas bebidas e disse:
"Seja trazido aqui, Jorge e vereis a força destas bebidas; pois se
quereis que obedeça dêem-lhe de beber o que trago neste vaso. E se
quereis que morra dêem-lhe deste outro vaso".
Mandou o imperador vir perante si Jorge, e disse-lhe: "Agora, Jorge,
serão acabadas as tuas artes mágicas", e mandou que por força bebesse um
daqueles vasos; mas o Santo sem algum temor o bebeu sem lhe fazer mal; e
finalmente esteve muito constante na fé e ficou a arte do diabo
desprezada.
O imperador vendo isto, mandou-lhe dar a outra bebida quê o
constrangessem a bebe-la; mas o bem-aventurado Jorge não esperando que o
forçassem, pela divina virtude bebeu a outra sem lhe fazer mal algum.
Ficou o imperador pasmado e espantado e todo o senado e o mesmo
feiticeiro de tamanha maravilha; e disse o imperador a Jorge mártir:
"Até quando nos há de pôr em espanto com isto que fazes? Por que não
acabas de confessar a verdade? Como escapas tão facilmente do veneno que
te dão a beber e como desprezas os tormentos?" Respondeu Jorge: "Não
cuides, imperador, que somos livres por alguma humana providência, más
só pelo poder e virtude de Cristo; e confiados nele, não fazemos caso
dos tormentos seguindo sua "doutrina". Disse então Diocleciano: "Que
doutrina é a de teu Cristo? Respondeu Jorge: "Conhecendo o Senhor, a
diligência que vós outros haveis de ter em perseguir os Santos, não
temais aqueles que matam o corpo, nem façais caso das coisas
transitórias; sabeis de certo que um cabelo de vossa cabeça não
perecerá; e ainda que bebas veneno não vos fará mal." Finalmente
prometeu-nos dizendo: "Aquele que crer em mim fará as obras que eu
faço". "Que obras são essas? "Dar vistas aos cegos, curar leprosos fazer
andar os mancos, abrir ouvidos aos surdos, expelir os demônios dos
corpos, ressuscitar os mortos e outras coisas semelhantes a estas".
Virou-se então o imperador para Athanazio, o mágico e lhe disse: "Que
dizes tu a estas coisas?" Respondeu Athanazio: "Admiro-me de ver como
este jovem despeze a vossa mansidão com suas mentiras; más já que ele
diz, que os que esperam no seu Deus farão as obras que ele faz, ali
naquele sepulcro que está diante de nós, está um defunto, que eu
conheci, e pouco tempo há que ali o sepultaram; se Jorge o ressuscitar,
sem nenhuma dúvida adoremos o seu Deus". Então o imperador fez sinal a
Jorge que o experimentasse.
Pediu
então Magnêncio ao imperador que mandasse soltar a Jorge, e depois de
solto lhe disse: "Agora, Jorge mostra-nos as maravilhas do teu Deus; e
se o fizeres, todos creremos nele. Respondeu Jorge: "Nobre Cônsul, Deus
que todas as coisas criou do nada, poderoso é para, por mim, ressuscitar
este defunto; mas como vossas almas estão cegas, não podereis entender a
verdade; porém, por amor do povo presente, isto que pedis tentando-me,
Deus o obrará por mim, para que o não atribuas a arte mágica. Pois este
mágico que aqui o trouxeste, confessa que nem por encanto, nem pelo
poder dos vossos deuses, pode um morto ser ressuscitado, em diante de
todos vós chamo a meu Deus"; e dizendo isto, pôs os joelhos em terra, e
quase chorando orava a Deus, e levantando-se disse em alta voz: "Oh!
eterno Deus de misericórdia, Deus de todas as virtudes, e que todas as
coisas pode, que não frustreis a esperança dos que em vós confiam.
Senhor Jesus Cristo, ouvi este mísero servo vosso, nesta hora, assim,
como ouvistes, Santos Apóstolos em todo o lugar, dando-lhes poder para
fazeres milagres e sinais. Dai, Senhor, a esta geração má o sinal que
pode, e ressuscitai este morto para glória vossa, e do Padre e do
Espírito Santo. Rogo-vos, Senhor, que mostreis a estes circunstantes
serdes só vós, Deus Altíssimo sobre toda a terra e que eles conheçam
serdes vós Senhor poderoso, a cuja vontade todas as coisas estão
sujeitas e que vossa será a glória para todo sempre. Amém". Dizendo
Amém, se ouviu um grande som, de maneira que tremeram todos.
Logo se levantou grande alvoroço e tumulto no povo e muitos deles
louvaram a Cristo, dizendo que era o verdadeiro Deus.
O imperador e os seus familiares, espantados e cheios de incredulidade,
diziam que Jorge era um grande mágico, e que metera algum espírito
naquele corpo para enganar os circunstantes; mas depois que
verdadeiramente viram e conheceram ser homem o que ressurgira, e que
chamava a Jesus Cristo, indo correndo para Jorge, não sabiam mais o que
dizer. Athanazio, encantado, vendo esta maravilha, lançou-se aos pés de
Jorge, dizendo em alta voz que Cristo era Deus todo poderoso, e rogava
ao Santo, que lhe alcançasse o perdão de seus pecados.
Daí a pouco fez o imperador calar o povo, e disse-lhe: "Veremos o
engano e malícia destes feiticeiros? Este Athanazio, semelhante a Jorge,
ambos de uma mesma arte, favorecem um ao antro; e as bebidas venenosas,
não lhà deu, mas deu-lhe outra cheia de encantamento para nos enganar".
Acabando de dizer isto, mandou logo degolar Athanazio com o que fora
ressuscitada, dizendo o pregão que era por confessarem a Cristo por
Deus, e a Jorge mandou meter no cárcere, onde o Santo dava graças a
Nosso Senhor pelas grandes maravilhas que por ele fazia.
E estando ali no cárcere, vinham a ele muitos dos que tinham recebido a
fé pelas maravilhas que foram feitas. e desrespeitando os guardas, se
lançavam aos pés dele, entre os quais alguns enfermos que, em virtude do
sinal e do nome do Cristo, foram por ele curados. Andando um pobre
homem lavrando a sua terra, um dos bois com que lavrava caiu em terra e
morreu; e ouvindo a fama de Jorge foi correndo ao cárcere, chorando a
perda do boi. Disse-lhe Jorge: "Vai alegre, porque Cristo, meu Senhor,
tornou teu boi à vida". Crendo ele em suas palavras, foi correndo e
achou o boi vivo como Jorge dissera, e logo sem mais se deter, tornou
este homem, chamado Glycero, a Jorge, o ia pela cidade dizendo em vozes:
"Muito grande é o Deus dos Cristãos". Uns cavalheiros o prenderam e
mandaram dizer ao imperador o que se passara; o tirano cheio de ira o
mandou degolar fora da cidade.
E Glycero, muito alegre, como se fosse a algum convite, ia correndo
diante dos soldados que o levaram ao martírio, e com alta voz chamava ao
Senhor, pedindo- lhe que recebesse o seu martírio. E desta maneira
acabou a vida. Neste tempo, alguns dos senadores foram acusar Jorge ao
imperador, dizendo que estando no cárcere abalava o povo e fazia a
muitos receber a fé de Cristo.
Ouvindo isto, o imperador tomou conselho com Magnêncio, e no dia
seguinte mandou aparelhar sua cadeia junto ao templo de Apolo, para que
ali publicamente, fosse Jorge, perguntado. Naquela noite, orando Jorge
no cárcere e adormecendo, viu em sonho o Senhor que por sua mão o
levantava e abraçava, e lhe punha uma coroa na cabeça, e dizia: "Não
temas, mas tem forte o coração, pois já és digno e mereces reinar
comigo, não tardes em vir gozar dos bens eternos, que te estão
preparados". Acordando e dando graças a Deus com muita alegria, chamou o
carcereiro e disse-lhe: "Rogo-vos irmão, que deixeis entrar neste
cárcere meu empregado, porque me importa falar com ele". Concedendo o
carcereiro o seu pedido, entrou o moço que estava muito triste pelos
tormentos que passava o seu senhor. Levantou-o da terra onde se lançara,
chorando, consolou-o, esforçou-o e disse-lhe: "Filho, muito cedo me
chamara meu Senhor para si, mas depois que passar desta vida, tomarás
este mísero corpo e leva-lo-ás a Palestina, à casa onde morávamos, e
Deus será guia de teu caminho, e não apartes nunca da fé de Cristo". E
prometendo-lhe o criado com muitas lágrimas, que assim o faria,
abraçou-o o Santo, a mandou-lhe que fosse dali em paz.
No dia seguinte, assentado Diocleciano em sua cadeira imperial, mandou
vir Jorge perante si, e começou com muita mansidão e falar-lhe desta
maneira: "Dize-me, Jorge, não te parece que sou muito humano e benigno
para ti? Testemunhas me sejam todos os deuses como me pesa em extremo de
tua mocidade, assim em flor, da tua gentileza e formosura, como também
pelo assento de tua descrição e constância de ânimo. E desejo muito, se
te apartares da fé cristã, que mores juntamente comigo, e seja a segunda
pessoa do meu império. Agora me responde o que te parece."
Respondeu Jorge: "Razão era, imperador, se tamanho amor e afeição me
tinhas que me não perseguisse, como o inimigo principal, e não
executarás em mim tantos tormentos por satisfazer com tua ira".
Ouviu o imperador isto com bom gosto e disse a Jorge: "Se me quiseres
obedecer como pai, eu te compensarei os tormentos que te fiz dar, com
muitas grandes honras que te farei".
Disse então Jorge: "Se queres, imperador, vamos ao templo a ver esses
deuses que vós outros honrais". Levantou-se logo o imperador com grande
alegria, e mandou declarar público que o Senado e todo o povo viesse ao
templo. Indo o povo para o templo, louvava ao imperador pela vitória
que, cuidavam, alcançara Jorge. Entrados todos no templo, e aparelhado o
sacrifício, tinham todos postos os ollios no mártir esperando que sem
nenhuma dúvida havia de sacrificar.
Jorge chegou à estátua de Apolo, e estendendo a mão, disse: "Por que
coisa quereis tu que te ofereça sacrifícios como a Deus?"
E logo faz o sinal da cruz. O demônio, que dentro do ídolo estava,
bradava dizendo: "Não sou Deus, nem algum semelhante a mim é o Deus a
quem pregas. Nós, de Anjos fomos feitos diabos, e enganamos os homens
pela inveja que lhes temos. Perguntou-lhe então Jorge: "Pois como ousais
vós outros estar aqui neste lugar estando eu presente, que adoro o
verdadeiro Deus?" Dizendo isto se sentiu um ruído, como choro que saía
das estátuas, e caíram todos os ídolos em terra e fizeram-se em pedaços.
Levantaram-se então alguns dos do povo acesos em ira e fúria,
instigando os sacerdotes, tomarem Jorge, e açoitando-o, bradavam
dizendo. "Mate este feiticeiro, oh! Imperador, mate este mágico". E
correndo estas novas, logo pela cidade, a imperatriz Alexandra, não
podendo mais encobrir a fé de Cristo que tinha, veio com grande pressa, e
vendo o alvoroço do povo e Jorge preso, e longe dela, e que pela muita
gente não podia chegar a ele, bradou em alta voz e dizia: "Deus de
Jorge, ajudai-me". Pacificando o alvoroço do povo mandou Diocleciano
trazer diante de si Jorge, e com grande ira lhe disse: "Mau homem, desta
maneira agradeces a bondade com que te trato? "Deste modo costuma
sacrificar aos deuses? "Respondeu Jorge: "Sem dúvida, imperador, que
deste modo, aprendi eu a sacrificar aos teus deuses: daqui em diante tem
vergonha de atribuir a saúde que tens a tais deuses, os quais não podem
sofrer a presença dos servos de Cristo".
Dizendo estas palavras o Santo, chegou a imperatriz e disse ao
imperador o que tinha dito d'antes, e lançou-se aos pés de Jorge. Vendo
isto o imperador, disse: "Que novidade é esta, Alexandra, que te
afeiçoou a este mágico encantador? A bem-aventurada imperatriz não lhe
quis responder, tendo-o por indigno de sua resposta. O cruel imperador,
cheio de ira e furor pela mudança da imperatriz, deu contra Jorge e
contra ela a sentença seguinte: Mando degolar a esse péssimo Jorge, o
qual , assim aos deuses como a mim injuriou gravemente; e o mesmo fez
Alexandra, imperatriz, enganada com seus feitiços.
Tomaram logo os soldados Jorge e o levaram preso fora da cidade,
juntamente com a nobilíssima imperatriz, que orando a Deus como alegre
ânimo, caminhava para o lugar do martírio; e indo assim, chegando a um
certo lugar, pediu que a deixassem assentar um pouco, e assentando sobre
o seu vestido, inclinou a cabeça sobre os joelhos e assim deu o
espírito a Deus.
Por essa razão a bem-aventurado mártir, Jorge louvando e dando graças a
Deus caminhava com grande alegria. Chegando ao lugar determinado fez
oração ao SENHOR, dizendo:
"Bendito sois, Senhor Deus meu, porque não permitistes que eu fosse
despedaçado pelos dentes daqueles que me queriam e buscavam, nem
consentiste que meus inimigos ficassem alegres com a vitória: porque
livraste a minha alma, como pássaro do laço dos caçadores. Pois agora,
Senhor, também me ouvi, sede comigo nesta última hora, e livrai a minha
alma da maldade dos malignos espíritos; e todos os males que por
ignorância em mim executam, lhes perdoai. Recebei, Senhor, a minha alma
com aqueles que desde o princípio do mundo vos serviram, e esquecei-vos
de todos os meus pecados, que eu voluntariamente, ou por ignorância
cometi".
"Lembrai-vos, Senhor, dos que recorrem ao vosso Santo nome, porque vós
sois "Santo", bendito e glorioso para sempre, Amém".
Acabando de dizer isto, estendeu o pescoço com alegria e foi degolado, e
entregou sua alma nas mãos dos anjos a 23 de Abril, fazendo excelente
confissão de fé pura e sã pelo ano 303.
Os restos mortais de São Jorge foram transportados para Lidia (Antiga
Dióspolis), onde o Santo foi sepultado, e onde o imperador Cristão
Constantino, mandou erguer suntuoso oratório aberto aos fiéis para que o
Culto ao Santo fosse espalhado. Seu culto espalhou-se imediatamente por
todo o Oriente. Pelo século V, já haviam cinco igrejas em
Constantinopla dedicadas a São Jorge. Só no Egito, nos primeiros séculos
após sua morte, construíram-se quatro igrejas e quarenta conventos
dedicados ao mártir. Na Armênia, em Bizôncio, no Estreito de Bósforo na
Grécia, São Jorge era inscrito entre os maiores Santos da Igreja
Católica. No Ocidente, na Idade Média, as Cruzadas colocaram São Jorge à
frente de suas milícias, como Patrono da Cavalaria. Na Itália era
padroeiro de Gênova. Na Alemanha, Frederico III criou uma ordem Militar.
Na França, São Gregório de Tours era conhecido pela devoção a São
Jorge. Nas Gálias, o rei Clóvis dedicou-lhe um mosteiro, e sua esposa,
Santa Clotide, erigiu várias igrejas e conventos em sua honra. A
Inglaterra foi o país Ocidental onde a devoção ao Santo teve papel mais
saliente. O monarca Eduardo III colocou a proteção de São Jorge a Ordem
da Cavalaria da jarrateira, fundada por ele em 1330.
Os Ingleses escolheram São Jorge como padroeiro do país, imitando os
gregos que, também, trazem a cruz de São Jorge na sua bandeira.
E ainda durante a Grande Guerra (1914-1918) muitas das medalhas foram
cunhadas e oferecidas aos enfermeiros militares e as irmãs de caridade
que se sacrificaram ao tomar conta dos feridos da guerra.
As artes, também, divulgaram amplamente a imagem do santo. Em Paris, no
Museu do Louvre, há um quadro famoso de Rafael (1483-1520), intitulado
"São Jorge vencedor do Dragão". Na Itália, existem diversos quadros
célebres; um deles está em Veneza, de autoria do pintor Carpaccio
(1450-1525) e outro, não menos notável, pintado por Donatello
(1386-1466).
E hoje, no mundo inteiro, invocam o Santo, pedem sua intercessão e
elogiam os admiráveis rasgos de sua poderosa proteção
Fonte: PADRE REINALDO VITORIA ES
Colaborador: Ir. Alberto Silva
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